quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O menino e a lua

Não é um poema, não é um drama, não um tratado de filosofia, não é uma comédia, é somente uma história simples de um menino que prestando atenção ao céu numa daquelas muitas noites de verão, viu alguma coisa que chamou sua atenção, e achou estranho e admirou que o satélite de terra, que há séculos está lá como um espetáculo ao mundo desinteressado das coisas simples, como uma flor, o choro de um bebê, como uma lágrima de mulher.
O menino sempre foi acostumado à observação com doçura e esse encantamento visível de seus olhos, esse menino de olhar assustado e calça curta, fiel aos seus costumes num período fantástico de saudável inocência, acostumado a sentar-se numa pedra que havia na frente de sua velha casa, humilde com moveis antigos e que no quintal havia um poço, uma parreira e uma velha árvore testemunha de muitas coisas. Totó, assim se chamava o projeto de homem e que se sentia acompanhado pela sua amiga: a sagrada lua

Quando terminava de jantar, as poucas coisas que sua mãe preparava com carinho, pois o dinheiro era pouco, mas a fome muita, isso não impedia que todas as lindas noites de verão estreladas y as cruéis de inverno, estivesse aí para render culto quase sagrado a essa mística figura no céu tão distante.

O menino solitário se admirava pela cor prateada de uma lua elegante que até parecia responder-lhe com brilho extremo.
A vida passa o tempo também e hoje o guri é um homem, a vida lhe deu coisas y também as tirou, mas o que não se modificou foi essa comunicação pela sua lua prateada.

Hoje ele é um poeta, conhecido ou não, isso não interessa, o importante são as inúmeras poesias que o menino-homem para quem foi e e´sua amiga de tantas noites estreladas e céu claro. A lua deu ao menino pobre energia divina para uma vida especial.
Lua dos namorados, vestida tão elegantemente para ocasiões de tantos amores num mundo carente de afetos. Perfumes, festas, canções, poesias, gritos, silencio, são homenagens a tão digna criação.

Talvez esse menino-homen seguirá necessitando da lua para suspirar e dar ânimo a sua vida sofrida de mil penas de amores.

Conta que quando se tornou ancião y seus olhos já não tinham forças quando seu crédito de vida estava terminando, uma noite serena ele só pediu que através de sua janela entrasse a luz de sua lua encantada. Dizem que um raio de luz iluminou seu rosto e uma luz interna invadiu sua alma e seus olhos ya cansados se fecharam, só o silencio na noite diáfana e a lua foram testemunhas fieis de uma vida terminada.